Eu não nasci pra ser de ninguém.
Confesso que tentei algumas vezes.
Ainda tento. E com certeza tentarei outras vezes.
Gosto de sentir o amargo de cada fracasso.
Ele me garante a dor do ser sozinha.
Dou-me diariamente tapas na cara.
O Fracasso é como um tapa na cara de uma puta vadia.
Que sorri após ter dado infinito prazer a um velho senhor sério.
Sério e sóbrio. Ela? Ébria e puta. Puta e sorridente.
Pois sabe que aquele tapa lhe impele à vida.
Pela vida. Pele limpa. Vida de puta!
Difícil mesmo é ser sozinha.
Ser já me é o bastante.
Mas ser sozinha é mais difícil.
O que é que você tem? Por que você está assim? Vai sozinho por quê? Eu fico aqui com você.
Quer conversar? Por que não está namorando? Por que não quer ter filhos?
Por que vai embora? Por que vai ficar? Fala alguma coisa.
Não fica calada. Não fica quieta. Não fica assim. Não fica sozinha.
É tão difícil.
Então me faço exercícios diários. Exercícios de fingimento.
Finjo maravilhosamente bem. Finjo ser sozinha. Finjo acreditar. Diante dessa mentira.
Acredito. E, iludida, sigo. Tentando ser sozinha. Tentando acreditar ser sozinha. Só isso. Só eu.
Senta. Respira. Olha pro lado.
Olha pra porta. Ela está em silêncio.
A Dúvida lhe faz cafuné e sorri baixinho. Se diverte.
Não é desespero. Apenas unhas roídas.
O pé da cama amortece o pé impaciente. O que sente?
Olha pro lado. Respira. Levanta.
Olha pra porta. Ela está em silêncio.
A Certeza foi embora sem dizer quando voltaria. Se voltaria.
Não é saudade. Apenas unhas roídas.
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