quarta-feira, novembro 22, 2006

Ser Tão que Sou


Tão assim
Tão...tanto que nem sei
Tão frio na noite escura
Cobertor são meus sonhos
Tão quente de fome ao meio-dia
Os pés tão rachados desde sempre
Pés tão raízes quanto nuvens que longe e fundo se vão
Ser tão menino a correr pelo mato
Numa sede de futuro
Tão menina à espera do amor no portão
Fêmea lavadeira a parir a rôdo
Ser tão macho na guerra
Tão jagunço
Ser tão seco e tão rico
Seja vida; seja morte
Tantos mistérios...se os tenho não sei.
Mãe,nunca soube.Pai,tá no mato.
Eu? Só sei que sou tão...
Tão tudo que quero,que tenho,que sonho,que amo
Tão tudo que sou.Um ser?
Um ser tão que sou.
O sertão: sou eu.




* Baseado na frase: "Sertão: é dentro da gente" (Grande Sertão:Veredas, de Guimarães Rosa)

Carta de Demissão ao escritor

Palavras não são mais aceitas!
Palavras francas
Palavras cínicas
Palavras brancas
Palavras mortas
Palavras belas
Palavras sinceras
Palavras que cospem
Palavras que beijam
Palavras que amam
Palavras que odeiam
Palavras que matam
Palavras que calam
Palavras que não são palavras
Abaixo a todo tipo de palavra!
Que todas palavras percam seus sentidos
Que todas palavras percam seus significados
Que todas palavras percam seus nomes
Que todas palavras percam suas identidades
Que todas palavras percam suas palavras
Que todas palavras se percam
Que todas palavras vão embora
Que todas palavras ganhem asas
Que todas palavras voem...
E que deixem de ser "palavras".

Amorosa Odiosa















Te odeio, moça simples

cujos dias insignificantes possuis
teu riso é tão podre a causar-me náusea
não creias que tuas lágrimas comovem-me
elas são sujas quão tua alma
Caso um dia vier a se pergunatr que mal trouxe-me
olhes em tuas mãos
vais lembrar do maldito dia em que acenastes a mim
maldito dia em que me deste
a Deus.