terça-feira, julho 26, 2016

Ai




Ser mulher é muito perigoso.

Tá cada vez mais difícil.
Tá cada dia mais doloroso.
Tá cada hora mais cansativo.

Mas a gente continua. Insiste. Persiste.
Mas a gente segue. Apanha. Sangra. Morre.
Mas a gente segue. Reclama. Sangra. Mata.

Mas dói. Como dói.
Eu. Ela. Nós.

"AH, MAS VOCÊ PEDIU..."
Você não devia ter feito aquilo. Você não devia ter dito aquilo. Você não devia estar com aquela roupa. Com aquele batom. Com aquele cabelo. Naquela rua. Naquela hora. Nessa cidade. Nesse país. Nesse mundo...

O mundo está doente. Diagnóstico: MACHISMO.
Mas nós que devemos ser remediadas.
Envenenadas. Podadas.
Silenciadas. Culpadas!
Nadas!

Mas seguiremos!
Doloridas. Porém fortes.
Sangrando. Porém fortes.
Morrendo. Porém matando!

Matando o machismo que nos mata.
Dia após dia. Hora após hora.
Minuto após minutos.

Mas dói. E como dói.

Ai...

A você
A mim
A nós



(Ai, 2016)