terça-feira, janeiro 24, 2006

Agonia


Noite estranha
Um barulho violento me atormenta.
A imagem de um Anjo.
Penso que se fechasse os olhos não o mais veria.
Maldito! Parece não descansar nunca.
Que barulho infernal !
E esse anjo que não para de me olhar.
O que queres de mim ?
Outrora achei que viesse a meu encontro
Ou talvez, estivesse a partir.
Mas não; estava estático
Como uma visão...
Inferno que me assombra
Céu que desaba sobre mim
Levem contigo esse tormento
Essa forma angelical que me faz agonizar !
Aqueles olhos a perfurarem meu corpo.
Preciso sair daqui!
Mas eles me perseguem.
E como pobre mortal que sou
Não tenho forças para derrotá-lo,
Convoco então;
Deuses e Demônios.
E está iniciada a Batalha.A destruição.
O amanhecer do dia.
O fim.

sábado, janeiro 14, 2006

Diálogo entre Ausentes


Tenho que me desvincular de tudo aquilo que me protege.
Não vou pintar figuras em branco.
Nem criar falsas imagens para cegos.
Não cantarei melodias sem notas.
Nem rezarei por incrédulos.
A estabilidade deste lugar me cansa.
Preciso dum lugar mais inquieto.
Inconstante.Vazio.
Minhas malas estão prontas.
Por favor poupe-me de suas lamentações.
Já disse que mando um cartão-postal.No Natal,talvez.
O resto das cousas deixo pra você.
O que não quiser pode dar ou Doar.
Caso chegue alguma correspondência.Não leia.
Queime-a!
Se aparecer alguém procurando por mim.Pode dar meu endereço.
Claro que estou brincando, sei que não o tem.
E então,não vai me ajudar a carregar as malas ?
Pode deixá-las ali na porta.
Por quê estão leves ?! O quê ?! Vazias ?!
(risos)
Eu já disse.
Não estou de mudança.
Eu vou embora.
(e ouve-se um eterno silêncio)

quinta-feira, janeiro 12, 2006

Campo de Batalha


O medo pertence a todos.
Fugir, antes adiantava.
Já não se sabe aonde ir.
Onde estão?
O silêncio responde pelo medo.
Conflito há entre eles.
Estão em batalha!
O frio invade o campo
Silêncio e medo param.
São tomados pela dor,
Que acompanha o frio.
Corpos que doem,
Não se movimentam ali.
Talvez por incapacidade.Fraqueza.
Estão todos ali, juntos.
O medo. O silêncio. O frio, e...
A própria dor...até quando ?

Um Quarto


Numa velha janela
De vidro embaçado
Imagens difusas.
Um mundo embaçado.
Memórias escritas
Lembranças apagadas.
Um leito sem dono.
Canções caladas.
O Silêncio está presente.
E o Tempo parado.
Da porta fechada.
Ouve-se o bater.
O Tédio pára o olhar.
A Solidão quer sair.Mas não vai.
O Ócio ali nada faz.
A Espera está cansada.
O Medo está com o Frio.
O Amor adormece morbidamente.
A Cólica parece dominar a situação.
Mas o Temor é maior.
E finalmente a Dor toma a frente.
E abre a porta.
E um ao longe percebe um sorriso.E diz;
- Bem vinda prima.
Sabia que virias.
E na mesma janela
Vidros quebrados.
Luzes apagadas.
Lembranças...da chegada da Morte.
E a Saudade fechou a porta.