sábado, abril 22, 2006

Saudade do Desconhecido

Saudade do desconhecido
Daquele que nunca ousei tocar
Por tua inocência selvagem, talvez.
Desconhecido que nem em sonhos viestes a mim
E num súbito sentimento de identificação me invade.
Numa identificação bizarra, mas sublime.
O distante que não me é estranho. Que não me causa repulsa.
Mas sim, anseio. Desejo de estar perto.
Uma inquietação repentina.
Pois Saudades é o que sinto.
Dos lábios. Das mãos. Do olhar nunca visto.
Da ausência do teu corpo.
Saudades, também, da presença.
Da sensação do beijo. Da espera pelo toque.
A crença no olhar a ser lançado a qualquer momento.
Mas porquê a saudade?
Essa ausência que me invade.
Um adeus.
Inexistente despedida. Porém infinita.
Porém real.
Saudades é o meu inferno. É o meu desejo.
É a minha coragem.
E minha covardia.
Desespero por ter o ausente. Por desejá-lo, simplesmente.
Falta que faz aquele nunca presente.
Mas contento-me com a tua ausência.
Ausência que é minha angústia, mas é meu alívio.
Alívio de nunca tê-lo. De nunca senti-lo.
Alívio por não amá-lo.
Ainda que Ainda.
Ainda que Saudade.