terça-feira, setembro 14, 2010

Liquefação de um Tempo


Ele sempre achou que seria eterno

Ao olhar os olhos dela, ele entendia o silêncio de sua fala.

Mergulhava naquele sentimento sem nem saber nadar.


Sempre pensou que pensar era demais

Tocava suas mãos e sentia o perfume de sua alma.

Debruçava-se cegamente nos lençóis de sua voz sem lhe faltar o ar.


Sempre a sentiu. Sempre.

Sentimento eterno. Acreditava, ele.


As noites sempre seriam perfeitas. Seriam.

Sem saber... Sem pensar... Sem sentir... Sem. Sempre.


Naquela noite, algo seria diferente.


Os olhos já não mais refletiam o que antes era nítido.

Um sentimento no qual se segurou por tanto.

Iria lhe deixar cair.


Mas teria a ausência como apoio?


Ela...

Não. Ele não mais a encontrara.

Ela era o sempre a se transformar. Ele não pensava nisso.

Teoricamente, mas bem teoricamente, ela era perfeita.

Parecia-lhe perfeita.

Parecia.

Teoricamente.


Era só mais um encontro.

Só mais um.

Só.

Um.


Dois? Desesperadamente um buscava pelo o outro.

Seguravam-se em silêncio.

Ele e o Tempo.


Mas o Tempo era líquido. Ele, não sabia.

Tentava segurar um tempo que lhe escorria por entre os dedos.

Passava pelos olhos. Boca. Chão.


Naquele momento, sua vida transformara-se num balde.

Um balde furado. E mal saberia, ele, onde estava o furo.


Cada sempre, era uma gota.

Era a eternidade seguindo seu leito natural.

Para ele, era um derreter derretendo-se.


Foi quando decidiu desistir.

E deixar-se ensopar por aquele Tempo.

Não era mais um mergulho.

Era afogamento.


Um tempo que escorria.

Um tempo que inundava.

Que derretia.


De repente, um sorriso.

Um sorriso molhado pelo tempo.



Foi quando ele percebeu que

Aquele tempo secaria, como todo líquido.


Seu tempo secaria. Seu tempo cessaria.


Ria.

domingo, junho 27, 2010

Um pequeno medo de amar

Certa vez ouvi e acreditei num conto.

Quem me contou, me encantou.

Mas eu, no canto fiquei.



Agora,





canto



terça-feira, março 16, 2010

.


Ela sempre foge dos grandes amores.


E vice-versa.

E só.

Versa.




[Nota: Da série microcontos. O primeiro.]