segunda-feira, maio 04, 2015
Pele
Numa noite como outra qualquer ao fim do dia
Ela foi se despir.
Tirou cada peça de roupa
Cada pesar das horas
Poeiras das ruas
Cada peça, uma história
Um cansaço, uma espera, uma dor
Diante do espelho
Ela ia sentindo-se despida
Daquele dia, daquelas horas, daquelas dores
No entanto, ao retirar todas as peças
Ainda sentia algo em seu corpo
Não eram horas, nem minutos
Era um pequeno instante
Grudava-lhe à pele
E não haveria banho que retirasse
Aquele instante não pesava, não cansava, não doía
Era suave e tinha cheiro
Sabor e cor
Preso à pele dela
Estava ele
De um dia qualquer, um instante
É que ainda estava com ela, aquele beijo distante.
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