Ela vivia em pedaços.
Era sua forma de viver.
Cada canto, um estilhaço.
Vivia aos poucos. Quebrada.
Quando se perdia em alguém
O prejuízo era dos menores: apenas um pedaço.
E quando se dava para outrém, o mesmo: um mero caco.
Seu medo, porém, era um dia se esgotar de si.
Por isso, vivia se quebrando. Espatifando em cada pequeno caco.
Até um dia esfarelar-se. Viver em pó. Talvez, assim, ela vivesse mais.
E desfeita em pó, levada ao vento.
Suspensa ao menor sopro,
Dançaria em muitos de si.
Estaria em tudo. Seria de todos.
E viveria em pó.
Viveria em paz.
Voaria. Livre.
Livre de si.
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