quinta-feira, dezembro 07, 2006

Pássaro de asas quebradas


Levanta sem perceber o acontecimento
De repente não consegue sair do lugar
Pensa que poderia ser um leve cansaço
Espera algumas horas e nada
Olha em volta mas desiste de a alguém chamar
Que vergonha! Um pássaro pedir ajuda pra voar
E ali espera e tenta voar novamente, e nada
Aos poucos sente a dor lhe invadir
Penas adormecidas, asas imobilizadas
O que teria acontecido ao pobre pássaro?
Macacos lhe observam às gargalhadas
E rindo eles lhe oferecem banana
Quase que aceito...seu babaca!Pássaros não comem bananas!
E as gargalhadas aumentavam...
Um outro pássaro ao longe passou,
mal o viu ali parado no chão.
Já estava anoitecendo e nada de alçar vôo
Tinha ele medo do escuro? Não.
Tinha medo de ficar sozinho.
Um pássaro sem poder voar e sozinho.
E realmente sozinho ele estava
Sem companhia,nem dos macacos gozadores.
Nem um pássaro sequer...
afinal,qual pássaro iria ficar ali parado fazendo companhia a um outro que não podia voar?
Não!Pássaros nasceram pra voar.
E se não voam...
Sim!Ainda sou um pássaro...apenas não posso voar!
Não sei o que acontece às minhas asas...elas doem,
mas não estão cansadas.
Pássaros que não voam...
Pássaro que não pode voar...
Pássaro...?
Não!Não vou ficar aqui por muito tempo.
Pássaros não sonham...
Pássaros não pensam...
Pássaro...?
Minhas asas irão se recuperar!É uma questão de tempo...
Pássaros têm pouco tempo...
Pássaros têm um único vôo...
E se não voam...
Sim!Eu vou voar!
Quando os pássaros voam...?
Ao amanhecer! Sim! Quando amanhecer, estarei voando.
Pássaros dormem...
Pássaros sonham...?
Amanheceu.



Uma leve brisa passou, e levou algumas penas...
Ah...penas voaram...
Que pena!
Pássaros morrem...
Pássaro de asas quebradas.

quarta-feira, novembro 22, 2006

Ser Tão que Sou


Tão assim
Tão...tanto que nem sei
Tão frio na noite escura
Cobertor são meus sonhos
Tão quente de fome ao meio-dia
Os pés tão rachados desde sempre
Pés tão raízes quanto nuvens que longe e fundo se vão
Ser tão menino a correr pelo mato
Numa sede de futuro
Tão menina à espera do amor no portão
Fêmea lavadeira a parir a rôdo
Ser tão macho na guerra
Tão jagunço
Ser tão seco e tão rico
Seja vida; seja morte
Tantos mistérios...se os tenho não sei.
Mãe,nunca soube.Pai,tá no mato.
Eu? Só sei que sou tão...
Tão tudo que quero,que tenho,que sonho,que amo
Tão tudo que sou.Um ser?
Um ser tão que sou.
O sertão: sou eu.




* Baseado na frase: "Sertão: é dentro da gente" (Grande Sertão:Veredas, de Guimarães Rosa)

Carta de Demissão ao escritor

Palavras não são mais aceitas!
Palavras francas
Palavras cínicas
Palavras brancas
Palavras mortas
Palavras belas
Palavras sinceras
Palavras que cospem
Palavras que beijam
Palavras que amam
Palavras que odeiam
Palavras que matam
Palavras que calam
Palavras que não são palavras
Abaixo a todo tipo de palavra!
Que todas palavras percam seus sentidos
Que todas palavras percam seus significados
Que todas palavras percam seus nomes
Que todas palavras percam suas identidades
Que todas palavras percam suas palavras
Que todas palavras se percam
Que todas palavras vão embora
Que todas palavras ganhem asas
Que todas palavras voem...
E que deixem de ser "palavras".

Amorosa Odiosa















Te odeio, moça simples

cujos dias insignificantes possuis
teu riso é tão podre a causar-me náusea
não creias que tuas lágrimas comovem-me
elas são sujas quão tua alma
Caso um dia vier a se pergunatr que mal trouxe-me
olhes em tuas mãos
vais lembrar do maldito dia em que acenastes a mim
maldito dia em que me deste
a Deus.

segunda-feira, setembro 04, 2006

Ida

Ontem ela saiu como quem não fosse voltar
Seguia a rua escura com tamanha decisão
Todos que ali estavam não a entendiam ao certo
Mas acreditavam nela,sabiam que não voltaria
Às vezes deixava escapar um sorriso,
Sorriso de quem ouvia uma bela música
Ou a voz de um amor perdido
Nada disso!
Ela ouvia seus próprios passos a seguirem
Passos presos a um destino que ainda não tinha sido escrito
Talvez seria melhor que ela voltasse
Uma vida ela deixou esperando sentada em algum lugar
Mas isso não bastava
Ela queria mais.
Num certo momento seus passos ganham velocidade
Já não há quem a olhasse
As ruas estavam desertas,feito coração desfalecido
A chuva inundava seu caminho
O barulho das gotas é quase ensurdecedor
De repente ouve-se um “Pare!”
Como se isso bastasse...
Ela segue mais depressa então.
As águas límpidas da chuva ganham uma cor escurecida
Ao tocarem o chão
Agora era ela entre a lama e seu caminho
Isso a trás memórias.
Lembranças de tempos de lama...
Mas são apenas lembranças que não a fazem parar
Nisso ouve então um outro “Pare,por favor!”
Ela estava decidida
Cheia de chuva e lama não iria parar de maneira alguma.
A dúvida de quem poderia ser não lhe vinha à mente...
Sem precisar olhar para trás,sabia quem era,ou talvez o que era.
Olhar para trás não estava em seus planos.
E segue...e o alguém covardemente silencia-se então.
Agora era somente ela e seu destino.
As gotas caem cada vez mais fortes e rápidas
Num movimento contínuo de descarrego.
Já não é mais possível enxergar o caminho,
Este estava repleto de águas turvas
Mas ela seguia,feito um cão vadio faminto.
Seguindo seu destino pelo próprio faro.
Não sentia fome,nem medo,nem frio.Nem nada.
Aliás, sentir não fazia parte de seu percurso.
E agora em direção a um destino turvo ela segue.
Nada a espera mais a frente
Ela sabe disso.Mas por quê a pressa?
Ela não tinha pressa.
E novamente percebe-se um sorriso.
Simples,parecia feliz.
Mas como posso dizer se estava feliz?
Não a conheço.Apenas a vejo.A via.A vi.
Isso mesmo.
Agora ela desaparecera das minhas vistas.
Não sei mais aonde vais.
O seu destino é muito incerto e turvo para que eu possa vê-lo.
Ele era somente dela.Não me pertence.
Mas em meio ao barulho das derradeiras gotas de chuva,
Ouço gargalhadas ao longe.
Poderá ela ter alcançado seu destino?
Não sei,apenas a ouço.
As gargalhadas vão indo.
Tomando seu rumo.
Será ela a ter encontrado o que procurava?
Mas não me lembro se procurava algo.Apenas ia.
A chuva é cada vez mais forte.
Os estrondos fazem sua gargalhada irem sumindo
Com um certo esforço ainda as ouço ao longe.
Mas não dura por muito tempo.
Agora somente eu.
Sem ela.
Não tenhas pena de mim, caro leitor.
Sei o quão fui incompetente.
Passos a escreverem o próprio destino, eu presenciei.
Mas não fui capaz de ler.
Agora irei voltar pelo mesmo caminho.
Caminho este por onde ela não passará mais.
Agora, somente eu.
Numa ida e volta medíocre chamada “vida”. Sem sair do lugar.
Ela apenas seguiu a ida.
E foi mais longe do que eu.

sexta-feira, setembro 01, 2006

A Vida de Camundongos

“Carpe Diem!
Levanta dessa cama e sai desse quarto! Anda! Acorda!
O dia está lindo! A vida está lá fora e pede para ser vivida! Anda!”

Que saco!
Eu não quero. Estou com preguiça.
Sair? Pra quê?
Pra ver camundongos desesperados correndo atrás da Ratolândia?!

E o dia nem está tão bonito assim.
O calor é insuportável. E sem contar com o barulho infernal.

Aproveitar o quê?
Centros empresariais amontoados. Casas fortalezas.
Ternos e gravatas enfeitados com pernas e cabeça?
Com certeza não quero isso!

Essa "vontade de viver" chega a ser irritante.
Parece uma espécie de obrigação. Imposição cultural ou sei lá o quê.
Não consigo entender porque as pessoas insistem tanto em “viver” ?

Viver, viver e viver!
Que mania ordinária! Absurdamente maldita.

“Aproveito a vida enquanto há tempo!”
Tempo? Pra quê ?

Pra quê tanto desespero... A vida é curta, sim e daí?
Daí a correr pelas ruas feito ratos loucos e cegos, pisoteando uns aos outros? Que vida...

Pobres camundongos!
Vivos, e agoniados.
Agonizantes.

E então, aproveitar o quê?

Mal sabemos quem somos , ou o que somos.
O que há de sabermos sobre a vida?

Não vou afirmar "o que é aproveitar a vida”.
Se eu soubesse aqui não estaria...

Mas queria que viver fosse como... Dormir!
Dormir num sono suave e profundo. Cama macia e quentinha em noite de chuva.
E que nele pudéssemos ter pensamentos...

Só pensamentos,
coloridos quem sabe.
Que fosse um sono lento. Sem pressa, nem desespero...
Poderíamos sorrir, ou simplesmente chorar.
Correr, caminhar. Ou apenas ficar sentados, sem compromissos ou obrigação...

Nada pra fazer.
Nada pra mudar!

quinta-feira, agosto 31, 2006

Muitas certezas

Tenho que confessar que estou à beira de um colapso
Ando pelas ruas sem pressa
Mas sou tombado pelos que a tem
Não tenho certeza do que sou
Ah mas quem disse que quero tê-la?
Malditas certezas
Meus amigos têm certeza...eu,não sei
Ás vezes rio das minhas falsas certezas
Ás vezes choro...certezas duvidosas.
Os que andam têm certeza, para onde vão?
Eu que parado fico, não tenho uma se quer
Nem sei por quanto ficarei aqui
Nem sei o quanto ficarei
E essas frases incertas?
Terminar-las-ei?
Acho que está bom
Acho que vou terminar amanhã
Quando acordar,talvez
Quando deitar-me,quem sabe
Quando morrer...não sei.

quarta-feira, agosto 02, 2006

Resposta


...Outrora fizeste um comentário que não me agradaste...

...fui conferir em minhas lembranças algo semelhante...


...não encontrei...


...fiz um amontoado de coisas insignificantes...


...lhe entreguei...


...também não fui agradável a ti...


...essa era a minha intenção...


...mas não percebeste...


...estava distante...


...só não mais distante que Eu...


...fui longe demais...


...não tão longe onde não pudesse me enxergar...


...mas um longe que não pudesse me tocar...


...não me despedi...


...mas percebeste que eu ia embora...


...pensou que me perderia...


...mas lhe mostrei que não...


...pois não me tinhas...


...apenas o acenar da mão...


...apenas...


...um adeus...


...um Não...


...

sábado, maio 27, 2006

Estático.



Há muito que estou sentado neste banco.
Talvez não seja o único. Talvez não seja...
Talvez.


A posição que me encontro é bastante cômoda e satisfatória.

Não há nada que me faça levantar
Não posso. Não quero. Não vou.

Ah! Como eu, existem muitos.

Além do banco está somente eu. Companhia de mim mesmo.
Aqui, permaneço imóvel e quieto.
Nada faço. Nada sou. Nada.


Minhas pernas estão fincadas no chão.
Fincado, tamabém, está o meu desejo.
Desejo, que contaminado por uma mórbida canção, não me faz mais dançar.
Canção que segue o rítimo de um silêncio estático.

Meus olhos ainda continuam baixos, voltados para o chão.
Perfuram terra adentro em busca do nada que vêem.

Terra úmida e escura, impregnada da mais pura cegueira.
Mãos já não têm mais utilidade, assim como os braços.
Apenas pedaços de um corpo imóvel.

E, dessa imobilidade, já percebe-se um certo cheiro.
O odor da putrefação!

Confesso que já esperava tal acontecimento
Mas importância não há.

A posição que me encontro é bastante cômoda...
Não posso. Não quero. Não vou.

Não me importo se estou apodrecendo...
Não me importo.
Não me.
Não.

Stop. A Vida parou .............................................. deixando espaço para a Morte caminhar...

O Fim de uma Luta


A força sente dor, um frio

Num campo deserto, o vencedor, uma luta

E aquele derrotado sente o corpo debilitado

A dor é impelia a agir

A luta provoca o cansaço

Força perdeu seu espaço

Vitória e Derrota se igualaram

A agonia provoca o fim, um frio indescritível e , a dor...

,,,,,,,,,,,,,,,

Os Dois, ali

Medo e dor;desespero
Ele estava ali,talvez
Quando ela o possuíu.Lutaram
Não sei se saberia qual suportaria.
Ele queria fugir,mas
Ela sabia onde e como atingí-lo
Apreneu muito com ele; tudo.
Sendo a Dor pequena e insuportável
Ele,ainda sente o Medo à fio.
Ambos,estavam loucos.

sábado, abril 22, 2006

Saudade do Desconhecido

Saudade do desconhecido
Daquele que nunca ousei tocar
Por tua inocência selvagem, talvez.
Desconhecido que nem em sonhos viestes a mim
E num súbito sentimento de identificação me invade.
Numa identificação bizarra, mas sublime.
O distante que não me é estranho. Que não me causa repulsa.
Mas sim, anseio. Desejo de estar perto.
Uma inquietação repentina.
Pois Saudades é o que sinto.
Dos lábios. Das mãos. Do olhar nunca visto.
Da ausência do teu corpo.
Saudades, também, da presença.
Da sensação do beijo. Da espera pelo toque.
A crença no olhar a ser lançado a qualquer momento.
Mas porquê a saudade?
Essa ausência que me invade.
Um adeus.
Inexistente despedida. Porém infinita.
Porém real.
Saudades é o meu inferno. É o meu desejo.
É a minha coragem.
E minha covardia.
Desespero por ter o ausente. Por desejá-lo, simplesmente.
Falta que faz aquele nunca presente.
Mas contento-me com a tua ausência.
Ausência que é minha angústia, mas é meu alívio.
Alívio de nunca tê-lo. De nunca senti-lo.
Alívio por não amá-lo.
Ainda que Ainda.
Ainda que Saudade.

sexta-feira, março 10, 2006

Multidão


Vejo corpos amontoados.
Corpos despedaçados.
Olhares confusos ali estão
O mau cheiro é insuportável
São muitos corpos.
Em pedaços.
Corpos partidos.Dilacerados.
Olhos que eram capazes de ver.
Bocas, muitas bocas.Agora caladas,outrora gritavam.
Braços e mãos que já lutaram.
Pernas que correram
Correram em direção a um sonho.
Mas se perderam.Pararam para descansar.
Descansar os olhos,a boca,os braços.As pernas...
O corpo.A vida.
E agora, apenas corpos.
Apenas vidas...amontoadas.

Um poeta

Tenho sofrido de insônia ultimamente
Meu rádio não funciona e a TV está fora do ar
Não bebo,nem fumo.A coca-cola acabou.
Até meu cachorro já está dormindo.
O silêncio seria por completo,se não fosse o motor velho da geladeira.
As pulgas o incomodam interrompendo sua noite.
Tenho tantas pulgas.
Acho que vou escrever algo.
É isso!Farei como os Poetas.Eles não dormem,fum... Ah,mas eu não bebo,e nem fumo.
E também nunca ouvi falar em Poeta que bebe coca-cola e que tem um poodle de estimação.
Sendo assim,não escreverei mais nada.
Acho que deve algum comprimido “anti-Inspiração” e que me faça dormir.
Não tenho talento pra ser Poeta...

O Verdadeiro significado da Arte

“Arte: atividade criadora que expressa,de forma estética, sensações ou idéias.”
Sempre achei que a Arte de nada me serviria.
A não ser para quem a fizesse – O Artista! (aplausos)
Até busquei a tal em alguns lugares.
Pinturas a óleo nas Galerias; Esculturas nos Museus; Literatura na Livrarias; Músicas nos CDs ou DVDs;Teatro nos Teatros,(...)
Enfim, essas besteiras que chamam de Arte.
E que “quase” sempre vêm no pacote promocional algum caráter Ideológico! Ou talvez...
Mercadológico...Politicológico...Hipocritológico...Individualógico...
EU, LÓGICO!
Pois afirmo,que a Arte vem do... “AR” quer dizer “Nada”, e “TE” igual a “Tu” ou “Você”.
Daí por ARTE = NADA + VOCÊ, conclui-se então que:
ARTE: atividade criadora que expressa,de forma estética, sensações ou idéias PARA O ARTISTA,
E NADA PARA “VOCÊ”.
(Obrigado)

domingo, fevereiro 05, 2006

ELA


Debaixo da minha cama tem um defunto.
Parece um corpo de mulher.Está nua.
Manchas e arranhões.Muitos cortes.
Os cabelos ruivos confundem-se com o fluido vermelho ao chão.
Ainda abertos, estão os olhos.São verdes.
A boca entreaberta deixa escorrer um filete contínuo.De sangue.
Tem os seios túrgidos e os braços quebrados.As mãos estão roxas.
Ensangüentado, também, está o seu sexo.Seguido de pernas abertas e tortas.
No chão forma-se uma poça de sangue.Vejo meu rosto refletido.
Mas como essa mulher veio parar aqui?
Seu olhar morto parece voltar-se para mim.Olhos abertos e verdes.
Lindos olhos verdes.Lábios carnudos e vermelhos.
Seu corpo tem belas formas.Seios volumosos,quadris acentuados.Ah, e que braços.
E entre pernas carnudas está o seu sexo despido de qualquer pureza.
Sexo porém, vestido e embebido pelo sangue e o pecado.
Essa mulher,cuja beleza embriaga qualquer mortal, já seduziu,enlouqueceu muitos.
Que capturados por seus olhos verdes,boca carnuda,foram entorpecidos por seu corpo.
Corpo esse tão desejado.Sua forma.Seu cheiro.
Seu pecado...
Pobres homens por ele envolvidos.Homens seduzidos.Saciados.Traídos.Muitos.Muitos.

Mas por que debaixo da minha cama?
Desgraçada!
Vadia!
Enquanto para mim era diva,
Para muitos...era fêmea.



VOCÊ...




Quero arrancar as rosas do seu jardim
Atirar pedras na sua janela
Quero matar seu lindo cachorrinho
E depois cozinhá-lo na panela

Não sabe quem sou eu?

Quero seqüestrar sua mãe
Desempregar seu pai
Quero arranhar seu carro
E a noite tomar banho com sais

Não sabe quem sou eu?

Quero por fim em seus poemas
Atear fogo em sua casa
Quero que ninguém tenha pena
E nem diga uma palavra

Não sabe quem sou eu?

Quero arrancar suas unhas
Quero fazê-lo chorar
Quero pisar no seu pé
Pra que não possa andar

Não sabe quem sou eu?

Quero matar você
Quero morrer com você

Quero dançar com você
Dormir com você
E sonhar com você
Depois de fazer amor com você...

Mas você não sabe quem sou eu.
Ainda não sabe...
Não sabe.

Não sei, sinto!

Um menino cai.
Ninguém ver, vou levantá-lo.
Mas o menino chora.
Ninguém escuta,vou consolá-lo.
E ele diz: “Pode ir, eu já estou bem.”
E eu vou.
Depois o menino morre.
Ninguém sentiu...só eu.Por quê ?

Ver a Esperança


Olhar para trás...
e ver uma história.
Olhar para frente...
e ver um futuro.
Olhar para o lado...
e ver uma companhia,
...para baixo...
uma estrutura firme.
...para cima...
uma esperança...que virá do céu,
e não me deixará mais...
Ver uma parede úmida no lugar de história.
Ver muitas pessoas e carros, no lugar de um futuro.
ao lado,ninguém...sem companhia...
em baixo, o esgoto...sem estrutura firme.
Ah, e em cima...
Uma nuvem carregada de chuva,
Mas ainda... a Esperança...
de não mais morar na rua.

Eu e Elas...

Noite fria, como tem sido todas as outras, e sozinho aqui, só me resta...Já não sei mais.
O frio já não me é só externo, meu corpo foi tomado por uma dor fria e sangrenta,
meu peito dói...não sei se é culpa do frio.Meu coração sofre, acho que está encolhido
como eu, que estou aqui nessa calcada, que o nome não sei, tal como o meu...
A calçada é minha casa, um papelão é meu abrigo...
E a minha dor...acho que minha companhia.
Lágrimas ,muitas rolaram,mas acho que já não adiantam mais.Olho para o céu...
Esperança,poderia ver,mas o que vejo é uma grande nuvem carregada,com muita chuva.
Gotas me caem ao rosto, não são lágrimas...é chuva.
Meu corpo treme por inteiro,a dor...Sou a própria, a qual me dominou.
Cada pessoa que passa... o que me vem à mente é só...um vazio, não que nada signifiquem,
é que parecem não existir...ou talvez sentem a mesma dor que sinto...
Mas não são iguais a mim.Não são.
Pois eu...nunca tive um casaco.E elas ?

Um Branco...


Estava eu escrevendo como de costume
De repente percebi o que tinha nas mãos
Uma velha caneta, um pedaço de papel ... em branco.
Um branco o qual não me deixava ver.
Um branco que me cegava os olhos.
Cegava-me a mente.
Cegava-me o corpo.
Eis então meu corpo...cego.
Um distante lugar.
Lugar que não estive.
Uma inspiração talvez.
Falsa,pois se foi.
E por fim, belas mãos.
Mãos vazias.
Porém uma mísera pergunta:
Eis que ainda sou poeta?
Pobre poeta de papel e corpo...em branco.

Carta

Quando for escrever uma carta
Não se pergunte a quem irá endereçá-la
Deixe que ela mesma encontre seu remetente
Não ache que por ser o dono da caneta
Seja também o dono dos sentimentos...
Dos sonhos,
Das tristezas,
Dos amores da carta.
Deixe-a caminhar sozinha
Ela saberá qual carteiro seguir ,seja o mais veloz,ou mais demorado
Pois se for depender de Suas vontades,
Deixará de ser uma carta,
E passará a ser uma ligação,um encontro,ou algo do tipo.
Enfim,deixe-as cartas livres.
Deixe suas vontades livres
Suas tristezas,
Seus medos,
Seus sonhos...livres.
Ah, e se a carta fores de amor...
Dê as asas da liberdade A ELA ,ame simplesmente.

A Forma do amor


AFORMA
AMOR
FA
AMAFOR
AFAMO
AFAGO
AMORFO
AMOR
MOFO
F. M.
OO...

terça-feira, janeiro 24, 2006

Agonia


Noite estranha
Um barulho violento me atormenta.
A imagem de um Anjo.
Penso que se fechasse os olhos não o mais veria.
Maldito! Parece não descansar nunca.
Que barulho infernal !
E esse anjo que não para de me olhar.
O que queres de mim ?
Outrora achei que viesse a meu encontro
Ou talvez, estivesse a partir.
Mas não; estava estático
Como uma visão...
Inferno que me assombra
Céu que desaba sobre mim
Levem contigo esse tormento
Essa forma angelical que me faz agonizar !
Aqueles olhos a perfurarem meu corpo.
Preciso sair daqui!
Mas eles me perseguem.
E como pobre mortal que sou
Não tenho forças para derrotá-lo,
Convoco então;
Deuses e Demônios.
E está iniciada a Batalha.A destruição.
O amanhecer do dia.
O fim.

sábado, janeiro 14, 2006

Diálogo entre Ausentes


Tenho que me desvincular de tudo aquilo que me protege.
Não vou pintar figuras em branco.
Nem criar falsas imagens para cegos.
Não cantarei melodias sem notas.
Nem rezarei por incrédulos.
A estabilidade deste lugar me cansa.
Preciso dum lugar mais inquieto.
Inconstante.Vazio.
Minhas malas estão prontas.
Por favor poupe-me de suas lamentações.
Já disse que mando um cartão-postal.No Natal,talvez.
O resto das cousas deixo pra você.
O que não quiser pode dar ou Doar.
Caso chegue alguma correspondência.Não leia.
Queime-a!
Se aparecer alguém procurando por mim.Pode dar meu endereço.
Claro que estou brincando, sei que não o tem.
E então,não vai me ajudar a carregar as malas ?
Pode deixá-las ali na porta.
Por quê estão leves ?! O quê ?! Vazias ?!
(risos)
Eu já disse.
Não estou de mudança.
Eu vou embora.
(e ouve-se um eterno silêncio)

quinta-feira, janeiro 12, 2006

Campo de Batalha


O medo pertence a todos.
Fugir, antes adiantava.
Já não se sabe aonde ir.
Onde estão?
O silêncio responde pelo medo.
Conflito há entre eles.
Estão em batalha!
O frio invade o campo
Silêncio e medo param.
São tomados pela dor,
Que acompanha o frio.
Corpos que doem,
Não se movimentam ali.
Talvez por incapacidade.Fraqueza.
Estão todos ali, juntos.
O medo. O silêncio. O frio, e...
A própria dor...até quando ?

Um Quarto


Numa velha janela
De vidro embaçado
Imagens difusas.
Um mundo embaçado.
Memórias escritas
Lembranças apagadas.
Um leito sem dono.
Canções caladas.
O Silêncio está presente.
E o Tempo parado.
Da porta fechada.
Ouve-se o bater.
O Tédio pára o olhar.
A Solidão quer sair.Mas não vai.
O Ócio ali nada faz.
A Espera está cansada.
O Medo está com o Frio.
O Amor adormece morbidamente.
A Cólica parece dominar a situação.
Mas o Temor é maior.
E finalmente a Dor toma a frente.
E abre a porta.
E um ao longe percebe um sorriso.E diz;
- Bem vinda prima.
Sabia que virias.
E na mesma janela
Vidros quebrados.
Luzes apagadas.
Lembranças...da chegada da Morte.
E a Saudade fechou a porta.