Debaixo da minha cama tem um defunto. Parece um corpo de mulher.Está nua. Manchas e arranhões.Muitos cortes. Os cabelos ruivos confundem-se com o fluido vermelho ao chão. Ainda abertos, estão os olhos.São verdes. A boca entreaberta deixa escorrer um filete contínuo.De sangue. Tem os seios túrgidos e os braços quebrados.As mãos estão roxas. Ensangüentado, também, está o seu sexo.Seguido de pernas abertas e tortas. No chão forma-se uma poça de sangue.Vejo meu rosto refletido. Mas como essa mulher veio parar aqui? Seu olhar morto parece voltar-se para mim.Olhos abertos e verdes. Lindos olhos verdes.Lábios carnudos e vermelhos. Seu corpo tem belas formas.Seios volumosos,quadris acentuados.Ah, e que braços. E entre pernas carnudas está o seu sexo despido de qualquer pureza. Sexo porém, vestido e embebido pelo sangue e o pecado. Essa mulher,cuja beleza embriaga qualquer mortal, já seduziu,enlouqueceu muitos. Que capturados por seus olhos verdes,boca carnuda,foram entorpecidos por seu corpo. Corpo esse tão desejado.Sua forma.Seu cheiro. Seu pecado... Pobres homens por ele envolvidos.Homens seduzidos.Saciados.Traídos.Muitos.Muitos. Mas por que debaixo da minha cama? Desgraçada! Vadia! Enquanto para mim era diva, Para muitos...era fêmea. |
domingo, fevereiro 05, 2006
ELA
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2 comentários:
Simplesmente fantástico!!!
Boa sorte menina!
Gostei muito do final deste poema.Muito legal!!!!
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