- ouve-se o primeiro sinal.
Ele está sentado.
Ela está sentada.
- o segundo sinal chega ao fim.
Ele parece dizer algo.
Ela parece dizer algo.
- o terceiro e último sinal.
Ele nada ouve.
Ela nada ouve.
- abrem-se as longas e pesadas cortinas vermelhas.
Eles estão ali. (sozinhos)
Algo passou.
Ele olhou.
Ela olhou.
Mas não viram.
Talvez o tempo, talvez o trem. Talvez ninguém.
Ele não sabe sorrir
Ela não sabe dizer
Ele a faz sorrir
Ela o faz falar
Eles sorriem. (sozinhos)
Eles conversam. (com quem)
Ele tem segredos.
Ela tem mentiras.
Eles têm histórias.
Ele não diz nada.
Ela não diz nada.
Eles não têm história.
Uma canção toca.
Eles não escutam.
E a canção para de tocar.
Ainda estão sentados.
Ele quer levantar.
Ela quer levantar.
(ir embora)
Ele nunca se lembra.
Ela sempre se esquece.
Ele tem passado.
Ela tem passado.
Eles não têm presente.
Eles não se sentem.
Eles não se olham.
Eles (se) amam.
Eles não sentem.
Eles não olham.
Eles (não) amam.
Óh, eles foram feitos um para o outro!
Pois bem,
Eis a minha decisão, caro leitor:
Eles foram (serão) felizes para sempre.
Ainda que o silêncio
seja o máximo de diálogo que ali possa existir.
E a única presença,
o vazio.
2 comentários:
Morri.
De volta a ativa, Hã?
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