quarta-feira, outubro 19, 2016
Simultâneos
Ela era barulho
Ele, silêncio
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Ele era colorido
Ela, P&B
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Ela era poesia
Ele, prosa
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Ele era café
Ela, coca-cola
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Ela era adoçante
Ele, amargo
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Ele era fumaça
Ela, vapor
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Ela era água
Ele, fogo
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Incompatíveis.
Inconcebíveis.
Inseparáveis.
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sábado, setembro 17, 2016
Assassinato
Atenção!
Se a Saudade bater na porta,
finja que não tem ninguém em casa.
Se ela continuar a insistir,
tranque a porta e passe o cadeado.
E se, mesmo assim, ela arrombar a porta e entrar:
Mate-a!
Saudade boa é saudade morta.
sexta-feira, agosto 19, 2016
Rafaelas
"É OURO DO BRASIL"
NÃO! Esse ouro é de Rafaela Silva!
O Brasil odeia Rafaelas Silva.
O Brasil encarcera Rafaelas Silva.
O Brasil espanca Rafaelas Silva.
O Brasil estupra Rafaelas Silva.
O Brasil assedia Rafaleas Silva.
O Brasil nega emprego a Rafaelas Silva.
O Brasil negligencia Rafaelas Silva.
O Brasil acha ruim o cabelo de Rafaelas Silva.
O Brasil segura a bolsa perto de Rafaelas Silva.
O Brasil é "praticamente da família" de Rafaelas Silva.
O Brasil bateu panelas pelo fim de Rafaelas Silva.
O BRASIL ODEIA RAFAELAS!
Então, Brasil... o ouro é das Rafaelas que lutam diariamente,
nos tatames e fora deles!
(Publicado originalmente em 08 de agosto, 2016 em Facebook/GisleneRamos)
Periferia
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Mãe, onde é a periferia?
- Onde a gente mora, filha.
- Mas hoje aprendi na escola que periferia é um lugar longe do centro.
- Então, filha. É isso mesmo. Nós moramos na periferia.
- Não, mãe! Nossa casa é o centro do mundo!
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(Da série "Diálogos em silêncio")
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Mãe, onde é a periferia?
- Onde a gente mora, filha.
- Mas hoje aprendi na escola que periferia é um lugar longe do centro.
- Então, filha. É isso mesmo. Nós moramos na periferia.
- Não, mãe! Nossa casa é o centro do mundo!
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(Da série "Diálogos em silêncio")
terça-feira, agosto 02, 2016
sem nome
Sou prolixa
Não nego
Mas não sou prosa
Sou poesia
Confesso
Mas em livres versos
Não sou concreta
Atravesso
Sou poesia líquida
Dessa que ainda não inventaram.
Dessa que ainda não faz sucesso.
(Arte: Banksy - Umbrella Girl)
terça-feira, julho 26, 2016
Ai
Ser mulher é muito perigoso.
Tá cada vez mais difícil.
Tá cada dia mais doloroso.
Tá cada hora mais cansativo.
Mas a gente continua. Insiste. Persiste.
Mas a gente segue. Apanha. Sangra. Morre.
Mas a gente segue. Reclama. Sangra. Mata.
Mas dói. Como dói.
Eu. Ela. Nós.
"AH, MAS VOCÊ PEDIU..."
Você não devia ter feito aquilo. Você não devia ter dito aquilo. Você não devia estar com aquela roupa. Com aquele batom. Com aquele cabelo. Naquela rua. Naquela hora. Nessa cidade. Nesse país. Nesse mundo...
O mundo está doente. Diagnóstico: MACHISMO.
Mas nós que devemos ser remediadas.
Envenenadas. Podadas.
Silenciadas. Culpadas!
Nadas!
Mas seguiremos!
Doloridas. Porém fortes.
Sangrando. Porém fortes.
Morrendo. Porém matando!
Matando o machismo que nos mata.
Dia após dia. Hora após hora.
Minuto após minutos.
Mas dói. E como dói.
Ai...
A você
A mim
A nós
❤
(Ai, 2016)
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