Saudade do desconhecido Daquele que nunca ousei tocar Por tua inocência selvagem, talvez. Desconhecido que nem em sonhos viestes a mim E num súbito sentimento de identificação me invade. Numa identificação bizarra, mas sublime. O distante que não me é estranho. Que não me causa repulsa. Mas sim, anseio. Desejo de estar perto. Uma inquietação repentina. Pois Saudades é o que sinto. Dos lábios. Das mãos. Do olhar nunca visto. Da ausência do teu corpo. Saudades, também, da presença. Da sensação do beijo. Da espera pelo toque. A crença no olhar a ser lançado a qualquer momento. Mas porquê a saudade? Essa ausência que me invade. Um adeus. Inexistente despedida. Porém infinita. Porém real. Saudades é o meu inferno. É o meu desejo. É a minha coragem. E minha covardia. Desespero por ter o ausente. Por desejá-lo, simplesmente. Falta que faz aquele nunca presente. Mas contento-me com a tua ausência. Ausência que é minha angústia, mas é meu alívio. Alívio de nunca tê-lo. De nunca senti-lo. Alívio por não amá-lo. Ainda que Ainda. Ainda que Saudade. |
sábado, abril 22, 2006
Saudade do Desconhecido
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